domingo, 16 de janeiro de 2011

Aqueles olhos verdes

Era primavera, por volta das dezoito horas quando Julieta desembarca na rodoviária de Marialva uma cidadezinha pequena localizada no norte do Paraná. Exausta, com seu rosto pálido e com olhar escuro e sem brilho, sua expressão de alivio de ter chegado ao seu destino. Logo desperta a atenção dos homens da rodoviária por sua beleza. De pele clara levemente corada do sol, cabelos longos e castanhos conforme o vento os tocava espalhava um perfume floral pelo ar.
Estava escurecendo, Julieta caminhava em largos passos dava para escutar de longe o barulho do salto, tinha a impressão de ter visto alguém, mas não deu importância. Na Rua Atílio Lajes fica assustada ao avistar o cemitério da cidade e casarões antigos e desbotados com o tempo, andava mais rápido quase correndo, e olhando para trás percebia que alguém estava ali, um vulto. Um homem não dava para ver muito bem, estava vestido de preto e só se notava a fumaça que proveniente do seu cigarro.
- Quem está ai?
Com uma voz tensa, escutou apenas seu eco no vazio da noite. Olhando para o vulto perguntou novamente quem estava ali. A fumaça já não existia mais, e o silêncio fazia-se soberano. Enfrente ao portão principal do cemitério com duas grandes árvores cujo seus galhos secos entrelaçados servindo de ninhos para pássaros. Do nada o homem misterioso surge diante de teus olhos, Julieta ficou mais branca do que já era e com o susto desmaia.
Encontraram-na no dia seguinte, dopada quase nua estirada no tumulo de mármore preto, com vasos de estampa chinesa e gérberas da cor laranja. Dois dias se passaram e Julieta acorda meio sonolenta, com dores no corpo. Havia perdido muito sangue e os hematomas eram perceptíveis em todo seu corpo.
O delegado Jonas Lopes respeitado pelos moradores, de postura firme e cara fechada, ciente de sua melhora entrou no quarto, e foi perguntando a moça o que aconteceu naquela noite de terça feira.
- Aqueles olhos verdes! Tremula e delirando respondia.
O medico achou melhor interronper, alegando que a paciente precisava de repouso. Saindo do quarto os dois entre as despedidas, num piscar de olhos o medico deixa cair sua lente de contato do olho esquerdo.
- Pode deixar que eu pego! Adiantando o delegado.
- Obrigado.
Entregou a lente para o medico e notou que seu olho esquerdo é verde. Achou estranho, mas não perguntou por que esconder olhos tão belos, e foi embora.

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