quarta-feira, 7 de março de 2012

O Barulho

 
       Tic, tac,  tic, tac, tic, tac o barulho era constante. Nada se escutava a não ser aquele barulho  irritante do relógio antigo de moldura dourada que estava na sala de jantar. Não suportando mais levantou e com apenas um golpe no relógio tudo acabou. A proteção de vidro desmanchou no seu punho. Um sutil estalido foi de encontro com chão deixando rastros de sangue na sua mão direita. Na sequência de seu ataque de fúria pisoteou até ter a certeza de que não seria mais incomodado. 
    O silêncio reinou pleno, com a destruição daquele objeto insuportável regressou para meu leito. Ao repousar seu corpo escutou algo, não pode ser o relógio o barulho é diferente, tum tum... tum tum...tum tum...de onde será que esta vindo este som. Desejava o silêncio, precisava de silêncio, sem ele não conseguiria descansar. Precisava dar um fim neste barulho. Procurando em todos os lugares sem nem um sucesso e exausto sentou numa cadeira de mogno com forro de cetim bordô gasto e rasgado com o tempo. 
     O barulho tinha mudado, estava acelerado. Foi quando notou que o som saía de dentro do seu corpo. Bruscamente se dirigiu para a cristaleira na busca de algo pontiagudo para perfurar seu corpo e acabar com este som insuportável. Transtornado e com as mãos tremulas segurou o perfurador de gelo e contra o peito começo a se perfurar. Furava seu peito como se estivesse quebrando um bloco de gelo. Com a carne perfurada o barulho parecia estar mais intenso, o sangue escorria pelo seu corpo, no chão já formava uma poça. Em três severos golpes atingiu o coração. Finalmente o silêncio voltou, sua expressão de felicidade foi a ultima coisa que vira refletida no espelho da antiga cristaleira. Deitado no chão envolto de um lago de sangue finalmente o tempo parou, a dor passou e encontrou a paz que tanto desejava. 

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