quarta-feira, 30 de novembro de 2011

A morte


A morte sorriu
E eu sorri
Para ela.

A morte piscou
E eu pisquei
Para ela.

A morte beijou
E eu beijei
Ela.

A morte chamou
E eu fui
Com ela.

A morte
Quis me prender
Mas eu libertei
Dela.

A morte vingou
E eu sofri
Com ela.

A morte riu
E eu chorei
Por ela. 

Um gole


Um gole por seus pensamentos
Que estranhamente me choca
E de choque em choque
Torno-me um alcoólatra.

Vendo toda sua existência
De uma forma turva
Sua mente me conturba
Anseios de compreendê-la

A garrafa antes cheia
Agora já vazia
Limita meu raciocínio
Embriagando minha mente.

Mais um gole de seus pensamentos
E o estranho agora sou eu
Que não entendo
Por que mesmo embriagado
Quero continuar a beber. 

Vai e Vem


No vai e vem
Você mantém
Em desejos
Em desesperos
Que não sei
Como, mas
Sempre vem
Num vai e vem.
Nestes constantes
Encontros incertos
Posturas incertas
Por vezes
Elegantes
E às vezes
Deselegantes
Você do nada
Volta e renova
Em constantes
Vai e vem
Assim que
Num desdém
Você quase
Me mantém
Num vai
Que um dia
Não mais
Vem. 

sábado, 26 de novembro de 2011

Chama


A chama aquece
Infama quem ama
Que já não me chama
Impedindo de amar.

A chama acesa
Sobre a mesa
Formam labaredas
Que vão me queimar

A que chama
Depois “deschama”
O coração em chamas
Vai ao poucos definhar

A chama que derramou
Apagando o fogo
De quem amou
Está com receio amar

Transito Caótico


Em um transito caótico
De minha mente
Vivo momentos góticos
Por vezes deprimente
Trancafiado e impotente
Cego de uma insistência
Da qual quero me livrar
Amarrado e isolado
Não querendo me libertar
Eis que alguém tenta
Mas digo para se afastar
Sozinho vou ficando,
Sozinho vou ficar
Limitado ao transito
Caótico de pensamentos
Que um dia próximo
Pretendo sinalizar.

Há muita coisa


Há quem diga
Que amou
Há quem diga
Que ama
Há quem diga
Que foi amado

Há quem diga
Ser verdadeiro
Há quem diga
Ser fiel
Há quem diga
Ser honrado

Há quem diga
Que não mente
Há quem diga
Que não entende
Há quem diga
Não está preparado

Há muitos dizeres
Há muitos sentimentos
Há muitas ilusões
Há muitos corações
Há muitas decepções
Há muitos de muitas

Que trazem felicidades
Que trazem cumplicidades
Que trazem tranquilidades
Que trazem vivacidades
Que trazem falsidades
Que trazem confusões.

Há muita coisa
Que não consigo entender
Que está em mim
E também em você
Que me faz padecer
Porque quero te esquecer.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Oração

Peço a Deus
Que toque
Meu coração
Que o encha
De alivio
Que me dê
O perdão.

Que abra
Minha mente
Que me faça
Ser mais gente
Que entenda
Meus erros
Que me traga
Uma solução.

Peço a Deus
Que me escute
E não me ilude
Com mais
Um amor
Com mais
Uma desilusão.

Que sopre
Em meus ouvidos
Que elimine
Todos os ruídos
Da minha mente
Doentia que amarga
Minha rebeldia
E a minha ingratidão.

Peço a Deus
Para que não
Escute meus
Pensamentos,
Lamentos
Quando estou
Na solidão.

Que me inunde
Com sua presença
Mesmo que
Não a queira
Que cobre
Meu ser
Com toda
Sua proteção.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Nada acontece.


Um dia passou e nada aconteceu. Tudo estava em silêncio, nem um toque do telefone se quer, nem uma chamada no portão. A noite surgiu fria, mexendo com meus pensamentos e fazendo com que tudo que havia acreditado foi-se como pó de canela soprado pelo vento, perfumando temporariamente o ar e as doces lembranças, que já não guardo mais comigo.
Ao deitar eis que finalmente surge um ruído, um estranho ruído, que me deixou apreensivo. Outra vez escuto, mas não um ruído, um grito pedindo socorro. Apenas um grito e a noite calou-se novamente. Com o chegar da madrugada senti uma tristeza, uma fuga, um silencio mais profundo do que já tinha sentido. Então o vi de costas, sem saber se estava rindo ou chorando, se estava bem ou mal. Apenas vi saindo um vulto calado.
A madrugada gelada seguia seu percurso. Os devaneios foram decepando com o decorrer dos minutos. A tranquiladade perdia seu espaço para os sons da rua. Amanhecia e tinha percebido que fora apenas sonhos, estranhos sonhos que tinham invadido minha mente durante a noite.
Quando levantei, no banho quente tive a sensação que alguém me abraçava, sentia seguro, aliviado, sabia que ali estava não sei como, mas estava. Tocava-me como sempre era tocado e sentia todo seu afeto e carinho em seu toque. Ao abrir meus olhos, não via nada além de água quente escorrendo pelo meu corpo levando o resto de espuma que restara em minha pele. Dei conta de que me encontrava só.
Encostei minhas costas na fria na parede de azulejos brancos e comecei a deslizar com meu tronco de encontro com o chão. Minhas mãos buscavam por minhas pernas abraçando-as fortemente. Já minha cabeça ia apoiando entre meus braços sentindo a quente água cair sobre minha nuca.
 Foi quando pedi para que esta mesma água quente que aliviasse minhas dores e as levassem junto com os restos de sabão que esvaíam pelo ralo o gosto, o cheiro, as lembranças e os desejos de estar contigo, que ainda permaneciam comigo. Mais um dia passou e nada aconteceu.  

O amor


O amor só habita
Em um coração
Constrói, destrói
Uma emoção

O amor causa a dor
Gera doença
Leva a loucura
E até certidão.

Seria o amor
Tão ruim assim
Ou será que ele não
Não gosta de mim?

Será que não sei
O que é amor
Ou será que não sei
O que é amar?

O amor é confuso
E confuso deixa
Qualquer um
Que o quer buscar.

Com tantas dúvidas
Com tantas confusões
Por que quero o amor,
Por que quero amar?

Porque o amor
Deve fazer bem
Se não ninguém
Ia querê-lo encontrar.