sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Quem Se Importa


Bastam apenas alguns goles
Para tudo virar de ponta cabeça
Sim, estou embriagado.
Quem se importa com meu estado
Com o que faço, sinto ou penso.
Eu achava que era mais um,
Mas nem este um, sou mais.

A escuridão alastra por todo meu ser
Feito rasto de pólvora em chamas
Explodido tudo o que sou,
E o mentecapto que tentava ser.

Estou bêbado de palavras e recordações
De promessas e ridículas enganações.
Chega de embriaguez involuntária
Vou me embebedar no álcool verdadeiro
Para os problemas buscar estacionar
E vertigem de alegria quiçá encontrar

Bastam apenas umas boas doses
Para a felicidade tentar encontrar
Caso ela não venha pelos menos
Em prantos já não vou estar,
Pois se o efeito não me trará felicidade,
Entretanto o mal ele tende a afastar.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Você é o que come e você reproduz o que assiste?

   O rádio já teve sua era de ouro que começou a perder espaço à medida que o aparelho de televisão começou a ganhar um espaço nos lares de todas as classes econômicas. Partindo do principio que você é o que come, podemos estender esta ideia para o que você assiste. Como? Bem, reproduzimos o que a elite social quer; os padrões de beleza, consumo, comportamento são todos influenciados pelas mídias de comunicação. As redes de televisão são as maiores formadoras de opinião dentro de nossos lares, exatamente por dedicarmos mais de três horas por dia. Ela nos faz acreditar que novela é entretenimento, que Big Brother Brasil é diversão, que o jornalismo é imparcial, que a politica é corrupta. Mas neste caso já parou para pensar que a corrupção é escancarada na semana toda e depois é esquecida sem questionar ou criticar a decisão. Estamos falando de mídias imparciais? Desculpe-me, mas nem uma mídia é imparcial, nem nos somos. Você defende aquilo que lhe convém às mídias fazem o mesmo. A mídia tem tamanha influência que ela pode te eleger como celebridade a bandido em questão de instantes, modificando seus conceitos e influenciando em suas decisões em poucas horas de programa. Estamos perdidos? Não, temos o controle, só não sabemos usar ele. A televisão é constantemente criticada por conter baixarias e programas de má qualidade. Lembrando que o controle é nosso e se estes programas existem é porque nos damos audiência a eles, com isto, fazemos de quase tudo que assistimos comentários no dia seguinte e sem perceber que reproduzimos padrões e comportamentos ditados pela mídia televisiva. 

Que Atente Outro


É estranho quando os sentimentos vem e vão,
Mas estranho quando eles voltam sem avisar.
Quem é este desejo, que instalou novamente?
Que incomodo é este com aparência de ciúmes.
Que coração torto este que me causa desgosto,
O sentimento deveria ter sido com um aborto;
Proibido ou não, já não se discute mais a questão,
Mas uma vez abortado não pode cometer o erro,
O erro deste regresso indigesto tão indesejado.
Foi duramente tirado depois de tantas ataduras
Na tentativa de salvar o que já havia se perdido
Depois de tanto sacrifício, como ousa regressar?
Que liberdade foi esta que te deixou adentrar,
Pois pode dar a meia volta, aqui não vai ficar.
Ele não tem dona e sem dona permanecerá.
Pegue todas suas recordações e as leve consigo,
As que deixarem vou todas incinerar até pó virar.
E antes que tentar novamente sua volta forçar,
Com cadeados e fechaduras vou tentar neutralizar
A volta de qualquer sentimento que venha atentar.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Bilhete


Não estou mais a sua disposição, a chave levei comigo, assim como todos os gostos amargos de sua presença que achava que eram intensas, mas não passaram de simples palavras jogadas no ar. Quase iludido por um o tempo a tempo de debandar, pois quando ler este bilhete, saiba que estarei distante, num lugar que nunca mais vai me encontrar.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Nomes Ocultos


Nunca pensei que
Olhando para o B
Acharia um L
Que vive em B
Mas está em P
Querendo alguém
Para beijar.

De sobrenome companhia
Com o sorriso 
Esbanjando simpatia
O L que na troca por outro L
Na noite anterior
Induziu a me equivocar.

Mas será que o B
Estando longe do P
Pode se aproximar?
Isto não importa
Pois o L
Que me ofereceu
Seu sobrenome
Quero novamente beijar.

Um Coração Que Delatou




 No dia 19 de janeiro de 1809, nasceu Edgar Allan Poe um dos escritores que mais admiráveis da literatura americana. Por sua história conturbada e sofrida, as suas produções tem um estilo próprio que o marcou como um dos grandes escritores já existentes no mundo.

"Eu nunca fui desde a infância jamais semelhante aos outros. Nunca vi as coisas como os outros as viam. Nunca logrei apaziguar minhas paixões na fonte comum. Nunca tampouco extrair dela os meus sofrimentos. Nunca pude em conjunto com os outros despertar o meu peito para doces alegrias, e quando eu amei o fiz sempre sozinho. Por isso, na aurora da minha vida borrascosa evoquei como fonte de todo o bem o todo o mal. O mistério que envolve, ainda e sempre, por todos os lados, o meu cruel destino..." (Edgar Allan Poe)

  Sua fama dá-se aos seus famosos contos de terror que causam certo incomodo por suas alucinações, pode provocar uma angústia para quem debruça sobre suas escritas, causando um estranhamento e horror pelas palavras fortes e suas tramas assustadoras. Sofrido, apaixonado, alcoólatra e brilhante poeta, não poderia passar despercebido nesta sua data. Há 222 anos, veio ao mundo um escritor que por sua genialidade chocou, choca e inspira produções de livros, filmes e outras representações de artes.

Annabel Lee

Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.
Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor --
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar.
E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.
E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar...
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.
Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar.
Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim estou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar.

Edgar Allan Poe

domingo, 15 de janeiro de 2012

Na Solidão Permanecerá


Que ar superficial é este,
Que reconhece os que os olhos
É apenas os olhos reconhecem e se não os agrada
Não há essência que ganhe o que já está perdido.
Que hipocrisia é esta que aponta a essência
Mas no fundo a busca é encher os olhos
Estes que seleciona cada parte visível do ser
Escaneando e identificando qualidades e defeitos
Aparentes.

Que fingimento é este de dizer que o que vejo
Não importa Sim o que sinto,
Mas se não agrada o olhar como vou sentir?
A subjetividade de cada um é o fato que faz com
Selecionamos e desprezamos o outro,
Mas tudo é um processo de aceitação e negação
Dos padrões que cada um constitui
E isto não pode ser superficial, hipócrita
Ou fingimento.

Alguns dizem que erra é humano
E o ser pode não ser,
Mas para alguém sempre será,
E aquele que Escolher muito
Na solidão permanecerá.

O Indigente


    

  Já era tarde de noite quando percebi que estava perdido. Desci do carro e comecei a caminhar em busca de alguma informação. As ruas estreitas com pouca iluminação encontravam-se desérticas, casas pequenas mal pintadas enegreciam ainda mais minha visão de horror, pois, nem pareciam ser habitadas.
  O céu estrelado formava-se nuvens negras tão devagar quanto uma torneira aberta com a água esvaindo-se por um ralo de uma pia suja. Andava pelas ruas sem nem uma direção em busca de alguma alma viva. Com as esperanças esgotadas agachei repousando-me no meio fio na esperança de encontrar alguma luz. Inclinando minha cabeça para o lado esquerdo notei uma casinha no extremo da rua. Ela era menor que as outras e tinha uma luz acesa numa espécie de varanda, sem titubear fui ao seu encontro na busca de alguém para dar alguma informação.
  O corpo entregue pelo cansaço não impediu de correr até aquela casa, quanto mais corria mais distante ela ficava. Por hora achei que era uma ilusão e fiquei parado no meio da rua que parecia não ter fim. Com as mãos apoiadas nos joelhos respirava fundo para recuperar o folego que havia perdido no trajeto. O desespero batia, somado a vontade de sair daquele labirinto que se formou em minha mente, que já não achava nem meu próprio carro. E aquela casinha que nunca se aproximava.
  Caia gostas do céu, com o passar dos segundos a chuva vinha mais forte. A iluminação que já era pouca acabou conforme os raios caiam. Em plena escuridão sem conseguir enxergar, a cada passo que dava, meu temor aumentava, ate que uma pisada em faço me jogou no chão. O barro estava entre minhas mãos e no impulso e desespero para me reerguer minha perna começou a latejar. A dor era grande arrastei meu troco na direção delas e com minhas mãos de barro e apalpei-as. Um grito ecoou de minha boca, mas nada se escutava apenas a chuva e os fleches causados pelos raios que iluminavam temporariamente a minha visão. O cansaço tomou conta de meu ser, a chuva não cessava. Na espera de uma luz ou da morte adormecei estendido na lama.
  Um tempo se passou fui encontrado quase soterrado na beira de um terreno baldio. O corpo tinha varias mordidas provavelmente dos animais que habitavam nas proximidades do matagal ou algum cão faminto que vaga pelas ruas. A perna machucada já havia virado moradia dos vermes que se proliferavam conforme a tocava. O cheiro de carne podre era tão forte que as autoridades usavam mascaras para poder suportar, sem nem uma identificação fui enterrado como indigente. Por isto, o meu espirito está aqui pedindo para que me enterrem com uma dignidade, para assim, possibilitar o meu descanso. 

A doença


A doença atingiu
Espalhou pelo meu corpo
Como fogo em palha seca
Destruindo tudo
Por onde passa
Deixando um rasto negro
De desilusão.

Entre as cinzas vasculho
As lembranças
Que possam restar
De algo que foi perdido
Mas nada se acha
Apenas poeira negra
E restos que juntando
Não restaura  
Nem uma recordação.

A doença degenerou
Cada parte existente
De sentimentos 
Complacentes
Como um vírus
Se alastrando
Tudo se foi
Sem deixar amor,
Sem deixar rancor.

Ela não já não tem cura
Instalou-se moribunda
Num coração em buracos
Que nem esparadrapos
Os remendam
De tanta perfuração.

A doença acabou
Dela nada restou
Junto com a vida
O ideal desmoronou
Não restaram
Nem feridas
Porque o fogo
As queimaram.



quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Pecando


De rimas patéticas
Vou escrevendo loucuras
Aquelas que só um apaixonado
Ou que queria se apaixonar
Tenta comover quem lê
Com a intenção ridícula
De conquistar.

“Poemas” de sofrimento
Causado pelo amor
Ou sua ausência do
Não há mais que rimar
A rima fica tão obvia
Que quando se a lê
Da vontade de rasgar.


Quanto mais leio
Detesto-me
Com textos tolos
E estúpidos,
Tão absurdos
Quanto à pessoa
Ridícula que escreveu.

Mesmo assim não paro
Quanto mais peco
Mais vontade se tem de pecar
Vou errando
Expondo-me
Até que está dor
Resolva parar.