Já era tarde de noite quando percebi
que estava perdido. Desci do carro e comecei a caminhar em busca de alguma
informação. As ruas estreitas com pouca iluminação encontravam-se desérticas,
casas pequenas mal pintadas enegreciam ainda mais minha visão de horror, pois, nem
pareciam ser habitadas.
O céu estrelado formava-se nuvens
negras tão devagar quanto uma torneira aberta com a água esvaindo-se por um
ralo de uma pia suja. Andava pelas ruas sem nem uma direção em busca de alguma
alma viva. Com as esperanças esgotadas agachei repousando-me no meio fio na
esperança de encontrar alguma luz. Inclinando minha cabeça para o lado esquerdo
notei uma casinha no extremo da rua. Ela era menor que as outras e tinha uma
luz acesa numa espécie de varanda, sem titubear fui ao seu encontro na busca de
alguém para dar alguma informação.
O corpo entregue pelo cansaço não
impediu de correr até aquela casa, quanto mais corria mais distante ela ficava.
Por hora achei que era uma ilusão e fiquei parado no meio da rua que parecia
não ter fim. Com as mãos apoiadas nos joelhos respirava fundo para recuperar o
folego que havia perdido no trajeto. O desespero batia, somado a vontade de
sair daquele labirinto que se formou em minha mente, que já não achava nem meu
próprio carro. E aquela casinha que nunca se aproximava.
Caia gostas do céu, com o passar
dos segundos a chuva vinha mais forte. A iluminação que já era pouca acabou
conforme os raios caiam. Em plena escuridão sem conseguir enxergar, a cada
passo que dava, meu temor aumentava, ate que uma pisada em faço me jogou no
chão. O barro estava entre minhas mãos e no impulso e desespero para me
reerguer minha perna começou a latejar. A dor era grande arrastei meu troco na
direção delas e com minhas mãos de barro e apalpei-as. Um grito ecoou de minha
boca, mas nada se escutava apenas a chuva e os fleches causados pelos raios que
iluminavam temporariamente a minha visão. O cansaço tomou conta de meu ser, a
chuva não cessava. Na espera de uma luz ou da morte adormecei estendido na lama.
Um tempo se passou fui encontrado
quase soterrado na beira de um terreno baldio. O corpo tinha varias mordidas provavelmente
dos animais que habitavam nas proximidades do matagal ou algum cão faminto que
vaga pelas ruas. A perna machucada já havia virado moradia dos vermes que se proliferavam
conforme a tocava. O cheiro de carne podre era tão forte que as autoridades
usavam mascaras para poder suportar, sem nem uma identificação fui enterrado
como indigente. Por isto, o meu espirito está aqui pedindo para que me enterrem
com uma dignidade, para assim, possibilitar o meu descanso.
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