sábado, 30 de abril de 2011

RETRATO

Que felicidade superficial,
Que determinações frágeis,
Que busca sem sentindo.

Há sonhos construídos,
Há janelas abertas,
Há um vasto campo.

Falta um motivo,
Falta um sentimento,
Falta-me algo.

A água vai escasseando,
A seca vai aumentando,
A vida vai amargando.

Que caminho estreito,
Que tempos sofridos,
Que amor perdido.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

NADA MUDA

DIZEM QUE PARA TODO FIM TEM UM NOVO COMEÇO.
FALAM TAMBÉM QUE TODO COMEÇO SERÁ MELHOR.
ESTE MELHOR NEM SEMPRE É O QUE FOI
E SE FOI É PORQUE NÃO ERA PARA SER.

O SER JÁ NÃO EXISTE É PASSADO
ESTE PASSADO AINDA ABERTO MACHUCA.
O QUE MACHUCA DEMORA, MAS LOGO CURA.
ESTA CURA QUE NÃO TENHO, MAS ESTOU EMBUSCA.

COMENTA-SE QUE NEM SEMPRE O MELHOR É AGORA.
COMENTA-SE QUE NEM TUDO É PERFEITO.
COMENTA-SE QUE TUDO PASSA.
COMENTA-SE MUITA COISA, MAS NADA MUDA.

terça-feira, 5 de abril de 2011

TENHO

Tenho lembranças,
Do seu olhar,
Do seu andar,
Do seu jeito de ser.

Tenho vontade,
Do seu beijo,
Do seu abraço,
Do seu corpo por inteiro.

Tenho saudades,
Do seu sorriso,
Do seu cheiro,
Do seu toque sensível.

Tenho você em meu ser,
Tenho desejos impróprios,
Tenho você em meus sonhos,
Tenho você em meus pensamentos.

Tenho você em meu coração,
Tenho, tenho, tenho e tenho.
A perspectiva de felicidade,
Porque ter você me faz feliz!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O QUARTO


Num sonho delirante e cheio de devaneios despertei em um lugar escuro com o ar abafado quase sufocado como se tivesse saído de uma longa travessia de um rio. Meus olhos percorriam em meio à escuridão vasculhando por alguma fenda de luz. A minha cabeça em uma constante busca de soluções, respostas ou alguma saída. Já meu coração batia acelerado notando a sua ausência e percebendo que fui julgado e condenado a viver trancafiado em companhia da solidão para o resto da vida.
Neste quarto andei quilômetros em busca de um caminho que me levasse para longe de você. Andei em círculos sem sair do lugar, me cansei e a cada tentativa frustrada de escapar, me desgastava fisicamente ainda mais, até que cansado vencido entreguei-me a derrota e cai no chão frio. Tremulo arriscava poucos movimentos até ficar inativo por alguns instantes.
Os caminhos começaram a serem traçados pelos meus pensamentos. Cheguei várias a pensar que estava louco, surtando e minha cabeça não parava de trabalhar bolando esquemas mirabolantes para sair daquela situação. A cada segundo passado naquela escuridão me enlouquecia, as mãos já não obedeciam à mente e esmurrava fortemente minha cabeça cobrando uma solução.
Eu não podia ver meus olhos, mas os imaginava inchados de tanto chorar. As lagrimas não sediam assim como o suor que juntos percorriam por minha testa aproximando dos meus lábios e às vezes caindo na minha boca com o gosto salgado ainda quente. Minha cabeça estava pegando fogo e devia estar toda vermelha e arranhada com várias coças que levara. Além da pressão mental que sofria atrás de uma resposta vinha uma angústia, uma sede de luz para iluminar a escuridão.
Escuridão esta que nunca pensei passar, mas cá estou aqui mergulhado neste mar negro e infinito sem saber por quem aclamar, se é que alguém me socorreria. Sinto-me amarrado sem cordas, preso sem grades eis que escuto algo, foi minha respiração ofegante. Eu choro, grito, imploro por ajuda, me desespero e nada muda. Até que uma luz aparece. Havia sonhado e continuo no infinito mar negro deste quarto.