Era primavera, por volta das dezoito horas quando Julieta desembarca na rodoviária de Marialva uma cidadezinha pequena localizada no norte do Paraná. Exausta, com seu rosto pálido e com olhar escuro e sem brilho, sua expressão de alivio de ter chegado ao seu destino. Logo desperta a atenção dos homens da rodoviária por sua beleza. De pele clara levemente corada do sol, cabelos longos e castanhos conforme o vento os tocava espalhava um perfume floral pelo ar.
Estava escurecendo, Julieta caminhava em largos passos dava para escutar de longe o barulho do salto, tinha a impressão de ter visto alguém, mas não deu importância. Na Rua Atílio Lajes fica assustada ao avistar o cemitério da cidade e casarões antigos e desbotados com o tempo, andava mais rápido quase correndo, e olhando para trás percebia que alguém estava ali, um vulto. Um homem não dava para ver muito bem, estava vestido de preto e só se notava a fumaça que proveniente do seu cigarro.
- Quem está ai?
Com uma voz tensa, escutou apenas seu eco no vazio da noite. Olhando para o vulto perguntou novamente quem estava ali. A fumaça já não existia mais, e o silêncio fazia-se soberano. Enfrente ao portão principal do cemitério com duas grandes árvores cujo seus galhos secos entrelaçados servindo de ninhos para pássaros. Do nada o homem misterioso surge diante de teus olhos, Julieta ficou mais branca do que já era e com o susto desmaia.
Encontraram-na no dia seguinte, dopada quase nua estirada no tumulo de mármore preto, com vasos de estampa chinesa e gérberas da cor laranja. Dois dias se passaram e Julieta acorda meio sonolenta, com dores no corpo. Havia perdido muito sangue e os hematomas eram perceptíveis em todo seu corpo.
O delegado Jonas Lopes respeitado pelos moradores, de postura firme e cara fechada, ciente de sua melhora entrou no quarto, e foi perguntando a moça o que aconteceu naquela noite de terça feira.
- Aqueles olhos verdes! Tremula e delirando respondia.
O medico achou melhor interronper, alegando que a paciente precisava de repouso. Saindo do quarto os dois entre as despedidas, num piscar de olhos o medico deixa cair sua lente de contato do olho esquerdo.
- Pode deixar que eu pego! Adiantando o delegado.
- Obrigado.
Entregou a lente para o medico e notou que seu olho esquerdo é verde. Achou estranho, mas não perguntou por que esconder olhos tão belos, e foi embora.
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