sábado, 14 de abril de 2012

O Final


Senti o cheiro de mato impregnar minhas narinas, meu corpo devia estar estirando num gramado falho que com um aroma de terra umedecida. A brisa gelada que esbarrava em meu rosto esfriava o corpo quente. Mesmo de olhos fechados senti a inexistência dos raios solares, e não sabia se era dia ou noite.
O vento vinha cada vez mais forte poderia sentir as folhas secas e seus ruídos beijando na face e seguindo seu caminho de liberdade.  Tive uma sensação boa de liberdade, como as folhas secas que plainavam no embalo de um grande sopro gelado. Estava cada vez mais frio, o ar como a terra ficou úmido, gotas começaram a despencar, no inicio fraca, mas engrossavam a cada sopro do vento. Em pouco tempo estava encharcado todo sujo de na lama.
Quando senti um golpe ou um empurrão, não bem o que foi, mas senti. Com dores juntei forças para impulsionar e levantei, percebi que meu corpo estava estirado num lugar estranho, abandonado, desértico. Do gosto do barro pude provar e até insetos me dei por rejeitar com cuspe. Levantei minha cabeça para água da chuva ingerir e tirar aquele gosto de barro que quase engoli. O estranho é que a chuva não me limpava.
O gosto de barro não saia, sentia os vermes se contorcerem dentro de mim. Desesperando cuspia constantemente quando olho para um corpo de bruços, vestido de roupas escuras, não deu para saber ao certo, minha visão encontrava-se turva, ate que notei a semelhança do par de sapatos escuros com seu revestimento interno cor de laranja que estavam virados próximo de suas mãos. Nas suas costas havia manchas que escorria por todo o seu corpo. Como estava com a visão desfocada, aproximei do corpo, procurei como um mapa até chegar à ferida. Um buraco atravessava seu corpo, podia imaginar o cheiro podre de carne disputadas por vermes em meio à poça de lama.
Reconheci-me e sai correndo em busca de ajuda. Não sabia em que lugar estava, mesmo assim, desnorteado gritei por alguém. Ao longe vi uma pessoa vestida de branco andando pela chuva com algo em sua mão. Não pensei duas vezes e corri em direção a ela. Eu gritava por ajuda e a pessoa parecia não me escutar.
Aos poucos minha visão voltava e quando cheguei mais próximo vi em sua mão esquerda algo ainda pulsando. A sussurrar no seu ouvido nada escutou, nem no toque de seus ombros sentiu. Apressei o passo para vê-lo de frente, fitei seu rosto que era familiar, parecia estar com lagrimas ou de certo era obra da chuva. Minhas dores amentaram violentamente e notei que ali se ia embora o grande amor de minha vida. Na sua mão ensanguentada o órgão parou de pulsar. Ele levou meu coração, matando qualquer outra possibilidade de amar. 

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