Uma beleza pura encontra-se em
monotonia pousando para um retrato que eterniza sua jovialidade e reflete a
transformação de sua alma. O artista Basil Hallward executou sua obra prima “O
Retrato de Dorian Gray”, nela a extraordinária beleza, abalou o próprio modelo,
que num primeiro momento passou a admirar e depois odiar sua bela juventude
eternizada pelos traços do pincel. A partir daí, o jovem Dorian Gray se vê corrompido
pelos pensamentos capciosos até então de seu recente amigo Lord Henry Wotton,
que causa ciúmes em Hallward. Munido de argumentos
concisos Lord Henry é capaz de desvirtuar o mais puro dos corações. A
influência perigosa do aristocrata instiga Dorian a viver os prazeres que
juventude proporciona conduzindo-o para um futuro “ideal”, mas pagando um alto
preço por este idealismo. A arte do
homem que é eternizada contrapondo com a arte da natureza que segue seu ciclo
finito, provocando apreciações e sentimentos de injustiça na deterioração do
belo que não é eterno. Além de constantes críticas do comportamento aristocrático
inglês faz desta obra uma inquietude da alma. Esta que conforme os atos perversos
de Dorian vão corroendo a sua bela imagem retratada, fazendo do retrato um
espelho visível na transformação de sua essência. Fato que o faz trancafiar a obra
impedindo todos até o próprio artista de vê-la, com medo de que todos depreciem
sua verdadeira imagem. A beleza superficial do ser, admiração excessiva pelo
mesmo sexo, paixões corrosivas, amores e mortes, incrementam uma narrativa
trágica do ser humano, acompanhado dum final que nem sempre é “feliz”. Certamente, isto vem a aclarar porque esta é
uma das melhores obras de Oscar Wilde e porque ele foi um dos melhores autores
da Era Vitoriana e é um dos maiores autores da Literatura Inglesa.
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