Dois cortes profundos nos pulsos foram o suficiente, para escorrer todo
resto de vida que ainda guardo dentro de mim. Lentamente vou perdendo minhas
forças. No canto extremo do quarto observo minha figura refletida no espelho, a
cor viva esvaindo formando grandes poças uma de cada lado.
O rosto pálido e olhos dilatados envolto de um fundo negro, pelas incontáveis
noites perdidas. As pernas mutiladas decorrente de constantes ataques de
loucuras que sofria, causando dores no corpo, para esquecer as dores do coração.
Que Latejava sofridamente indo de encontro para morte.
O corpo mobilizado pelo tranquilizante, que havia tomado uma hora antes
de por um fim em tudo isto. Entregando para morte minha atitude covarde, por
não suportar mais tamanho vazio na alma. Os olhos cedendo a vida, vão se
trancando, como se negassem olhar a visão lamentável de meu ser.
Envolto de um vermelho vivo, entrego o restante de meu corpo ao chão. Ali
fiquei na espera. Com tempo as poças secaram, a morte concretizou pelo odor
emanado, os vermes se alimentam do corpo em decomposição e alma liberta e
desesperada tenta fugir da sofrida prisão que caiu. Condenada por suas atitudes,
ela queima nas chamas do inferno. Os ecos de seus gritos e lamentos, não
preencheram o vazio de amar quem a não ama.
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