O sertanejo universitário deveria
se chamar sertanejo “maternal”. A decadência deste estilo musical é constante. Letras
do tipo “lê, lê”, “bará, bará”, “tchu, tcha”, “tchê, tchê” estão mais presentes
nas musicas, do que em vocabulário de recém-nascido. O mais absurdo é que “canções”
deste tipo sempre frequentam as paradas musicais, retratando a qualidade
decadente e a falta de criticidade da população brasileira. Tentarei fazer uma analise
superficial da música “É Nóis Fazê Parapapá”, para comprovar mais uma vez a
falta desta qualidade.
“Você me provoca me
alucina,
Desconcentra me
apaixona e toda hora a gente se esbarra
Eu já cerquei os seus
amigos,
Arranquei o seu
sorriso, entrei na sua agenda de baladas
Você dançando e me
puxando, descendo até o chão
Te pego forte, te dou
um beijo e só tem uma solução
É nóis
"fazê" Parapapá Parapapá Parapapá
Garrar, beijar,
"fazê" Parapapá
É nóis
"fazê" Parapapá Parapapá Parapapá
Garrar,
beijar..."fazê" Parapapá
E se der mole eu vou
pegar, te agarrar e te beijar
"Fazê"
Parapapapapa”
Apesar de falta de criatividade
do compositor, não há grande problemas de construção das frases e sentido, mas
dava para melhorar. Outro ponto relevante é visão da mulher que demonstra um comportamento
vulgar, além uma alusão ao baile funk, mas não é sertanejo universitário? O
refrão é o pior desta música, a mescla da linguagem coloquial com uma palavra
inexistente, esta fazendo menções a atos sexuais que nos remete bem de longe um
som onomatopeico, mostrando a falta de vocabulário desta letra. O que será
passa na cabeça de um “compositor” para escrever isto? É desesperador ver que uma
língua tão rica quanto a nossa aparecer limitada e precária em forma de música.
Muitos podem dizem que é apenas uma música para diversão, mas o divertido não
pode ter conteúdo? Músicas como “lê, lê”, “bará, bará”, “tchu, tcha”, “tchê,
tchê” e “Parapapá” só vem mostrar o quanto nossa cultura está pobre. Pode ser
que a cultura musical esteja ficando empobrecida, pelo fato do ensino estar
falho e a formação crítica do individuo torna-se vulnerável a esta falha. Portanto,
somos “obrigados” a “escutar” e “patrocinar” estes tipos de música, mostrando
que para fazer sucesso não precisa ter conhecimento cultural, apenas uma vaga
noção de rima e saber reproduzir os sons de recém-nascidos.
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