domingo, 31 de julho de 2011

Confessionário


Fazia muito calor naquela noite e por isto deixei a janela aberta, para que o ar percorre-se todo ambiente deixando-o mais arejado. Já era de madrugada quando escutei alguns passos perto do meu quarto. Levantei-me para espiar e apenas vi um vulto passando rapidamente, cansada voltei para cama e peguei no sono sem me dar conta que a janela ficou aberta.

Foi quando senti algo pesado em meu corpo e ao abrir meus olhos vi que havia alguém sobre meu corpo. Estava escuro, não conseguia ver direito quem era. Apenas um metal brilhava na forma de cruz com a luz do luar. Ele colocou sua mão pressionando sobre minha boca, para que eu não pudesse gritar e com a outra começou a me tocar, até que me possuiu. Eu apenas escutava seus suspiros de prazer e sentia seu suor pingando sobre meu rosto. Já vencida, só rezava para que tudo acabasse logo e após um último suspiro de prazer, tudo acabou. Em seguida ele me deu vários socos na minha face e com uma voz enfurecida insultava-me com diversos nomes de baixo escalão. Não suportando os frequentes golpes desmaiei.

 

O sol iluminava todo meu corpo quando acordei e ao me levantar fiquei um pouco atordoada com fortes dores na cabeça. Por um momento achei que havia tido um sonho, mas me deparando na frente do espelho vi meu rosto inchado, com vestígios de sangue ressecado na região nasal e com os olhos tão negros quanto uma ameixa seca. De súbito uma lagrima quente percorreu meu rosto umedecendo uma pequena parte de minhas feridas.

 

Com vergonha resolvi cobrir meu roto com um lenço de seda de estampas floridas e óculos escuros. Não procurei a policia e também não comentei com ninguém o ocorrido desta noite. Mas eu precisava desabafar com alguém e por isto estou aqui confessando com o senhor padre. A culpa me consome toda noite por ter deixado aquela janela aberta e toda vez que vou fecha - lá antes de dormir recordo do ocorrido e lagrimas saltam dos meus olhos sem parar.

 

Após o termino da confissão o padre disse para rezar e fazer uma prece para obter forças e superar o acontecido. E assim quando saiu do confessionário a moça foi beijar a mão do padre e não percebeu que ele escondia seu crucifixo com a outra mão. Quando ela beijou sua mão ele disse já com uma voz suave que a abençoava e fosse em paz.

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